Não é preciso dizer adeus
Quando estava no aeroporto (Abril) aproveitámos para comprar umas revistinhas para ler no avião, compramos também uns livros. Não sendo o local ideal para adquirir material de leitura, vi este livro e senti-me atraída por ele de imediato. Talvez por desde que fui mãe estar algo frágil em relação a situações menos agradáveis com crianças. Ser mãe fez ampliar todos os sentimentos em especial relacionado com crianças, de tal modo que era insuportável ouvir uma criança chorar na rua, tinha vontade da ir salvar, ficava com tal angustia que me sentia mal... ansiava desesperadamente um consolo uma resposta, enfim...comprei o livro.
Se repararem na capa aparece a Allison com uma menina que aparentemente já não pertence à realidade em que vivemos.
A verdade é que este livro ficou sem ser lido durante algum tempo. Tinha talvez receio daquilo que ia ler, sei lá...
Com os acontecimentos recentes no caso Madeleine tomei coragem e peguei no livro novamente. Mais do que nunca estava a necessitar de uma resposta urgente à minha angustia. Esta é uma situação que me deixa num estado de terrível tristeza e sofrimento interior. Tenho de fazer um exercício mental grande para não me deixar consumir, ir abaixo e gritar para o mundo que têm de parar imediatamente porque algo terrível aconteceu. Como podem os humanos continuar com as suas vidas....
Devagar fui lendo e encontrei alguma paz. Tudo o que é lá descrito, o que se passa à nossa volta, a nível espiritual, é algo em que já acreditava antes e não foi grande surpresa. Não tem nada a ver com religião é uma maneira de ver a nossa passagem no planeta Terra e o que se passa após...
Como disse encontrei alguma Paz... Mas a vida é feita de surpresas e mesmo acreditando que para alem desta vida terrena existe algo, é muito difícil ver alguém que se gosta aproximar-se da recta final. Agarro-me desesperadamente a uma esperança que no meu intimo sei que é inútil.
Como é que se suporta esta dor? Que faço para esta tristeza desaparecer do meu peito?
Vou lendo e vou percebendo o que já desconfiava, não é preciso dizer adeus, porque aqueles que amamos ficam sempre connosco, é só saber escutar e sentir.
Então porque é que isso não me consola? Porque é que esta dor permanece aqui?
Olho e vejo uma figura que quase não reconheço....Apetece-me abraça-la, não é possível...Pergunto se posso dar beijinho e sim, e dei muitos...mas não os que quis, pois não é suposto tirar a minha mascara por muito tempo, não posso correr o risco de a contaminar...
Disse-lhe “adeus Vim, até amanhã” e respondeu-me quase sussurrando, “até amanhã”.
Hoje não pude ir, estou sempre ansiosa por noticias, estou sempre à espera do milagre, recuso dizer mais do que “até amanhã”, dói demais.
Etiquetas: Mãe Bago
1 Comments:
Olá Mamã Bago!
Conheço a serio, mas desconheço o livro. Espero que te traga o consolo e a paz que precisas.
Imagino que a despedida de um ente querido deva ser das dores mais profundas que nos atingem a alma. Mas se tens essa oportunidade, deves despedir-te. Sentirás uma paz maior.
Deixo-te um abraço sentido,
Carla
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